Por detrás
O que meu olhar vê
Por detrás dessas grades?
O que seu olhar vê?
Eu vejo quase tudo,
Vejo a água que cai
Mas não pode penetrar no chão,
Pois ao invés de terra
Só há concreto.
Vejo os raios e relâmpagos
Que iluminam o que já está
Artificialmente iluminado.
Sinto o cheiro da chuva,
De erva e gasolina.
Vejo pessoas caminhando,
Pessoas correndo,
Pessoas paradas.
Elas se encontram e desencontram,
Mas nunca se vêem verdadeiramente,
Não se percebem.
Sinto o vento no meu rosto,
E algumas gotas de chuva que respingam da janela.
Vejo quase tudo se mover,
Independente de mim.
Eu só assisto,
Assisto à vida,
Assisto à morte,
Assisto à violência,
Assisto à fome,
Assisto à miséria.
Eu só assisto,
Por detrás das grades da minha janela,
Por detrás da retina dos meus olhos.
Fernanda Freitas
13/01/09