LISPECTOR E EU - PARTE I

Éramos como emanações uma da outra

e aprendi os versos que me foram ditados.

O mistério de um não encontro !

Poderia, eu, criar como se fosse ela,

bebendo do seu próprio veneno ?

Já estava cansada e suja, mas Clarice pairava ...

generosa e pura

- Só quero que se desvie um pouco, disse ela ...

quantos poemas pretende escrever ?

Então ficou claro para mim :

uma outra mulher ocuparia o meu lugar .

Naquele dia, sequer apareceu nem ao menos deixou rascunhos

pra que eu pudesse tentar.

Será que seu reaparecimento poderia acontecer ?

Ainda posso ouvi-la sussurrando por alguém ...

alguém, que misteriosamente decidiu voar !

(CIBELE CAMARGO)