A SINA DE TINA PORFINA - O SONHO DE COLOMBINA

O SONHO DE COLOMBINA (Cena I) - A SINA DE TINA PORFINA

Triste Sina!

Bela Menina

Pura que nem Bailarina

Em sonho de Colombina.

Triste Sina!

Uma anônima, pelo que se origina

Sem bênção de nenhuma doutrina

Filha de mãe retirante nordestina

E de um pai que ninguém imagina.

Triste Sina!

Conforme afirma a Dona Carmosina

Mas não jura nem tampouco assina

Viu tudo por detrás de uma cortina

Foi coito, entre a névoa da matina!

Triste Sina!

Como uma megera de língua ferina

Prossegue ela, em tom de surdina:

Após esbarrão na deserta esquina

Lá mesmo, ele suspendeu a batina!

Triste Sina!

Outra vizinha que veio da Argentina

Uma fofoqueira que faz pose de fina

Garante com seu sotaque de latina:

O pai deve ser Monsenhor Medina!

Triste Sina!

Após atrasar-se, saiu Maria Porcina

Correu para não perder a sua faxina

Mas, não a perdoou, Doutora Regina

Nem deixou que limpasse sua latrina.

Triste Sina!

Sem emprego e grávida, Maria Porcina

Desistiu do barraco onde era inquilina

Saiu do Favelão do Alto da Leopoldina

Indo morar embaixo da Ponte da Usina.

Triste Sina!

Virava-se nos dias vendendo tangerina

Pra fome, cheirava uma cola Parquetina

Até que certa ONG de proteção feminina

Ajudou-a na época de nascer a sua nina.

Triste Sina!

Alegre por saber que esperava menina

Porcina sonhava que era ela Colombina

Que seu rebento, uma formosa bambina

No futuro, iria ser a mais linda Bailarina.

Triste Sina!

Enfim, ao mundo chega a sua heroína

Muito magrinha, com canela bem fina

Mas, com orgulho, comentava Porcina:

Tá vendo, ela tem corpo de Bailarina!

Triste Sina!

No batismo, deu-lhe o nome de Tina

Em homenagem a certa cantora Tina

Que adorava como uma Deusa Divina

Sem suspeitar que usasse a cocaína.

Triste Sina!

Foi registrada como a Tina Porfina

Após o erro de uma escrivã cretina

Ao tirar o único sobrenome, Porcina

Engano que nunca incomodou a Tina.

Triste Sina!

Pobre menina de canela muito fina

Que nunca veio a ser uma Bailarina

Como sonhara sempre Maria Porcina

Antes que morresse com Escarlatina.

Triste Sina!

Dura Rotina,

Cujo sorriso azucrina

E sustenta à Cafetina.

Aguardem, pois em breve voltarei a falar sobre esta sina:

A SORTE NA JOGATINA (Cena III) - A SINA DE TINA PORFINA

Se ainda não leu, aproveite para ler também:

- A VIDA DE TINA PORFINA (Publicado em 28/05/06)

- O SUSTENTO DA CAFETINA (Cena II) - A SINA DE TINA PORFINA (Publicado em 08/09/06)