UM POUCO DE MIM... AUTOBIOGRÁFICA
Fui menina esquisita, cheirando a gordura.
Cabelo escorrido e olhos caídos.
Trabalhei desde criança, vida dura dos anos idos...
Gostava de ir à escola, não de estudar.
Era o tempo que eu tinha pra sonhar.
Nas aulas, em outro mundo entrava:
Nas margens do caderno eu mesclava como moldura.
Os desenhos e poesias que escrevia.
Numa tarde de agosto um menino que eu gostava,
Disse-me que eu estava mais bonita.
Naquele dia nada acontecera.
Exceto a imensa tristeza que eu sentia.
Esse fato foi fatal, se triste bonita eu parecia.
Quis tornar a expressão natural, coisa de menina...
E por muitos anos um olhar triste eu carreguei.
Mas chega à hora de arrancar as mascaras.
Ela não me servia mais, me vi mulher desajeitada.
Olhando-me frágil e sem graça.
Por descobrir que a beleza que eu buscava.
Estivera outrora comigo.
Na expressão sincera do que de fato eu sentia.
Tempo de me renovar.
Tempo da coerência, resgatar.
Hora de me procurar.
Sigo assim me achando e me perdendo...
Entre as linhas das poesias que escrevo.
Vila Velha, 28/07/2009