Vida e Morte
Tenho medo do ar que respiro...
da água que bebo,
do tomate e do pepino que como.
Tenho medo do leite da vaca
que já foi louca...
hoje talvez, doida enrrustida.
Tenho medo do xixi dos ratos,
do cocô dos pombos,
da garra dos gatos...
Tenho medo do cão treinado,
do homem armado pela tecnologia.
Tenho medo da língua maldita,
da falsidade atrás do sorriso,
do olhar meigo da traíra.
Da palavra honesta que
não passa de mentira...
Tenho medo do remédio,
do médico que não é médico,
Medo da protelação daquilo
que não cura, mas mata aos poucos...
Medo de carro de bêbado que
mata mais que arma em mão de bandido.
Tenho medo da raiva e do ódio
que usa o pensamento como arma...
Medo da ilimitação,
da ganância,
do poder absoluto...
medo da criança revoltada
que foge de casa
e tenta matar a revolta
cheirando cola.
Tenho medo do psicólogo
que não sabe de si próprio
e pensa que sabe dos outros.
Tenho medo da chuva
que um dia tornar-se-á ácido,
Tenho medo do escuro que
cospe para fora os meus medos,
Medo do silêncio profundo
que carrega consigo a solidão,
medo do vazio de mãos dadas
com a loucura...
Medo da saudade daqueles
que nunca mais terei
ao meu lado e rondam
feito sombras com chicotes
nas mãos...
Tenho medo dos que não perdoam,
imperam-se na perfeição,
na superioridade cósmica.
Medo da pulga atrás da orelha...
que deixa a dúvida de ir ou não,
agir ou não,
o sim ou não,
o viver ou não...
Medo da morte?
Não, não tenho medo da morte.
A morte é o fim dos medos...
é a Paz eterna