Sem ver

Vejo, através do vidro fosco,

Que me foi imposto, desde meu nascimento,

Tento agora renascer, quebrando assim tal vidro,

Fazendo minha vida florescer, tendo razão de fato,

Estranho dia frio, passado como tempestade,

Sem tortuosidade visível, agora sem o vidro da irrealidade,

Tenho malemolencia de ver o real, tornado o irreal fato,

Contendo freqüências e traços do passado recente,

Contente, de ver em minhas crias, traços,

Raros fatos, roupas sujas e rasgadas, amarrotadas,

Trapos antigos ainda vistos em mim,

Entendo os recados, me passados sem voz,

Sem textos, risos ou sinônimos,

Ao mundo vejo de modo diferente, sem visões alei tópica,

Ver sem ver, tornando o não visto em ser,

Símbolos sem sentido, o resto de fato, sorri sem identidade,

O som que ouço vem do dia entediado, tornando singular à noite,

Tortuosa a madrugada, sinto tudo, pois vejo de olhos fechados.