LÁGRIMAS de PEDRA
Eu que tenho nos olhos o fogo das batalhas
sem herói - e fui ferido, nunca pude imaginar
que vencer em público é diferente, e o que me falha
dentro de casa é o tudo que não fiz, se deixei negro o luar
dos que me esperavam com a mesa posta
é que me enganei ignorante de tudo o que faz
da família a única sociedade, deixei atrás
além dos amores feridos - filhos carregando a coroa deposta
do meu abandono, pois vivi a falsidade plena
do mundo de fora, morto para os meus, alguém que viera
sem mãe ao convívio dos que fiz sofrer, alma serena
apenas na rua, cri mais no elogio do mendigo do que na mera
paz dos meus, e se devolvi à mãe em lágrimas de pedra
o leite que até hoje me faz atleta, a sombra da rua medra
a consciência que me sofre a cada instante
tudo o que falta, pois a minha perda -inteira! não é e não será o bastante