Ipê

O Ipê amarelo

afronta o cinza do dia.

Inútil insistência para que alguém sorria.

Uma grama indecisa não sabe se rebrota.

A moça nem nota,

um Sax perde o compasso e seminota.

E o bêbado esconde-se na Sebe.

É só o que se pede.

E é assim que tudo sucede.

Ipê, grama, rebrota e amarelo.

Pouco me importa.

Deixei o Mundo atrás da porta.

Que Deus escreva por linhas tortas,

que se pintem as "naturezas mortas".

Pouco me lixo.

A vida virou um mero capricho.

E que tudo sempre se suceda,

mas que eu nada veja.

É chegado o Armagedon,

escondo-me sob o Edredon

e escuto nenhum som.

Está limpa a Terra.

O Homen foi exterminado

e o Ipê floresce sossegado.

(por Providência Divina)

não deixamos nenhum legado.