O mendigo era ele
Sentei preguiçosamente no banco da praça
Numa tarde que não tinha nada pra fazer
E fiquei olhando as pessoas acharem graça
Das peripécias das crianças em pleno lazer
Aí sentou-se junto a mim um jovem granfino
Que parecia carregar todo o peso do mundo
Olhou-me como se eu fosse um vagabundo
E chorou seus problemas no maior desatino
Contou-me que caíra em desgraça por bebida
Tentando reconquistar o amor de uma mulher
Perdeu todos os bens que conseguira na vida
Pedia emprestado para gastar com uma qualquer
Chorou no meu ombro um arrependimento sincero
Pediu-me conselhos com tanta insistência
Que reconfortei-o com frases de inútil lero-lero
Que nada continham de qualquer sapiência
Mesmo assim ele se sentiu com os ânimos renovados
Apesar de achar que eu fosse um desses mendigos vadios
E agradeceu-me por ouví-lo me dando uns trocados
Que recusei divertido mas sem ferir os seus brios
E ele se foi convencido que não se deve pedir jamais
Dinheiro emprestado, qualquer quantia que seja
E mendigar amor de uma mulher nunca a satisfaz
O melhor é fazer por merecer não importando a peleja
Da série Outros tipos de Amor