O mendigo era ele

Sentei preguiçosamente no banco da praça

Numa tarde que não tinha nada pra fazer

E fiquei olhando as pessoas acharem graça

Das peripécias das crianças em pleno lazer

Aí sentou-se junto a mim um jovem granfino

Que parecia carregar todo o peso do mundo

Olhou-me como se eu fosse um vagabundo

E chorou seus problemas no maior desatino

Contou-me que caíra em desgraça por bebida

Tentando reconquistar o amor de uma mulher

Perdeu todos os bens que conseguira na vida

Pedia emprestado para gastar com uma qualquer

Chorou no meu ombro um arrependimento sincero

Pediu-me conselhos com tanta insistência

Que reconfortei-o com frases de inútil lero-lero

Que nada continham de qualquer sapiência

Mesmo assim ele se sentiu com os ânimos renovados

Apesar de achar que eu fosse um desses mendigos vadios

E agradeceu-me por ouví-lo me dando uns trocados

Que recusei divertido mas sem ferir os seus brios

E ele se foi convencido que não se deve pedir jamais

Dinheiro emprestado, qualquer quantia que seja

E mendigar amor de uma mulher nunca a satisfaz

O melhor é fazer por merecer não importando a peleja

Da série Outros tipos de Amor

Angelo Tomasini
Enviado por Angelo Tomasini em 30/07/2009
Reeditado em 28/08/2009
Código do texto: T1728415
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