Sobre gírias e Bilac
Semântica dos canalhas
Covarde audacioso
Sou leitor sensorial
Subjetivo,
Extrapolado, curioso
Informações explícitas
Deixo de lado, impaciente
De fato, aprecio o insensato,
Em implícitos pensamentos
E, benevolente, acato teu ato
Participo do presente, contento
Pacato, nunca fui
Mas sei onde está
A carta que tu procuras
Sempre esteve em tua bolsa
Fobia de encontrar?
Receio de lê-la, se emocionar...
Fiz leituras prévias da missiva
Levantamento de hipóteses conclusivas
Cultivo a flor do Lácio em minha sala
Assim como Bilac
O "Príncipe dos poetas" em destaque
Jogo da fala, tive idéias alusivas
É a última "Parnasiana", sorrateira
Palavras que surgem fácil
E se incorporam, toda semana
Outras que se extinguem
Caem no ostracismo
Quem se engana?
Oprimidas pelos vindouros
Suprimem-se, são caladas
Entram no desuso da razão
Pela língua falada,
Extirpadas serão da comunicação
Mas, eis que surge o novo
Inédito jargão
Dinâmica de necessária expressão
E novas gírias são criadas,
Incorporadas pela população
Dissiminadas, faladas
E, novamente, cantá-las vão
Substituem-se as esquecidas
Novo dia, nova criação
Não falo como escrevo
Nunca desejei que fosse assim
Mas, as gírias reconheço
São uma ferramenta útil,
Mas não para mim!
*Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1865 — Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1918), foi um jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras.