1968
1968
Ecos de sons surdos
Lágrimas secas
Salgadas
Amargas
Meus olhos em ataranto
Miscelânea pulsando
Mexendo
Revirando
Em mim
Fecho os olhos
Medo do escuro
Pontos coloridos brilham
Aqui dentro
Aonde guardo a solidão.
Traem-me as mãos
Tiritam
De um frio fino
Não há vozes
Mas gritos me assombram
Escondo-me de mim
Enfiando minha cabeça
Por entre o decote do vestido
Tapo os ouvidos
A tormenta
Atormenta-me o ventre
A voz entala na garganta
Passos se aproximam
Vem em minha direção
Não posso mais
Urino-me em pavor
Uma luz me invade
Desfaleço
Entrego o corpo
A alma é luz...
Adriana Kairos