A gloria do asfalto
Eu sigo assim pela minha estrada
construindo uma fogueira de fósforos
arrecadando goles de bebida quente
acendendo numa explosão as entranhas do Sol
Sinto a realidade derreter, fecundando a ilusão
depois os pés já não são chão
cada passo se torna uma dança
o ar possui cheiro e cor
e cada palavra se torna uma frase
e cada frase se torna musica
e cada musica é filosofia
Os carros vão e voltam
influindo nossa nobre e débil sinfonia
luzes de faróis celebram o alto da noite
os cigarros curam da bebida a azia
todas as ideias já tem vida
Somos assim comprados no asfalto
onde o erro justificará o perdão
de cara no muro da realidade a depressão
depois vejo em cada rosto a sombra do assalto
a decadência do mundo na personalidade roubada
pelo absurdo de nossos gloriosos momentos...