Haveres e Existires
Haveres e existires
Há ainda uma vontade que não sacia,
Há nos brancos papéis vazio que clama,
Na cama arrumada vontade do desalinho,
Versos que querem ser ditos pelo caminho,
Palavras que rebuliçam, corpo que inflama,
Vontade insone de amar que se anuncia...
Há letras de invisível alvura que esperam
Escondidas sob véu transparente do querer
Há um baú de intenções com lacre de giz
Contido de resolutas paixões que urgem viver
Há cenas, aquarelas que não se compuseram,
Um desvelar velado de tudo que não se quis...
Há um confidenciar de acordes que não rimam
Entre letras que entremostram e sentir que não cala
Há tenuidades no insinuar ávidas por indagação
Transitoriedade interior que revolve e avassala
Há sonhos nebulosos passíveis de continuação
Da vida real, dos desejos que a alma assolam.
Há um sim não pronunciado
Um “NÃO” não decifrado
Uma porta tão somente encostada
Com fitas de seda trancafiada,
Vozes soluçando encarceradas
Assombrar acabrunhado...
Janela com cortinas de vento...
Embotada vontade de voar...
Há do viver um infinitar
Dores que alongam o pensamento...
Dias e noites,
Aglutinados...
Sombras e solidão...
Justapostas...