Aquele Outro
Não te mates, Eu!
Não quero de novo morrer assim
Porque a morte é a pior das solidões
No século morto, fora outro
quem buscou me desmentir
aquele que enxergava demais
curou-se da cegueira dos homens
livrou-se do amor
e ousou me desmentir
Ignorou o tempo como tempo
e refugiou-se da doutrina sã
sentado, sozinho
descobriu-se em pele nua
e fez crescer a mente crua
para encontrar a solidão
Fora o homem de uma só face
que andava no escuro
vacante, vacante
de um pensar sem pudores
uma memória sem saudades
e um inverso imerso em si
Insalubre, num surto de delírio
revirou-se pelo avesso
e viu-se morto: na pior das solidões
---------------
Para o poema "Penumbra Azul", que me surtou inspiração.