Esfinge
Teu olhar me beija a face
Mais tua presença de espírito
Vai além do que captura a retina...
Teu carinho cobriu-me a nudez da alma
E teu gesto generoso e sutil
Fez cair à máscara de futilidade sensual
Que me impus, na esperança de ludibriar meu sofrimento
A qualquer olhar menos atento.
Não sei se lágrimas ou sorrisos
Não sei se herói ou bandido
Só percebo a visão desanuviada
O ouvido alerta ao menor gemido...
Reflete a transcendência da maturidade
Num homem revestido de juventude
Menino - homem, ou homem - menino? Não importa!
Traz na essência a sabedoria da longanimidade
A excelência da experiência na alma humana
Armas que se adquire com luta diária
E sensibilidade incrustada pelo tempo, pela dor... Tão primaveril.
Paradoxo então é para mim
Um bem mais que mal
Um bem de se ver, querer, tocar, sentir...
Um mal das dádivas que vêem e logo ao de ir...
Num modelo que não cabe em minha realidade
Não posso vestir, não combina com minha idade...
Paradoxal é enfim
Infante no semblante
Maduro no seu sempre instante
Traduzindo...
És um enigma minha Esfinge
E, se as agruras da vida
Nublam-me o entendimento
E não consigo percebê-lo no momento...
Não consigo decifrar-te...
Optarei pelo silêncio,
Então, vêem logo...
Devora-me!
Pois minha derme arde na curiosidade
Sofrer, te ver,querer,mais não poder.