Quando dói o peito
Não definas a dor que trago no peito
Dor que não desbota com aguarraz
Tal qual afogar em ar rarefeito
Ou sufocar numa fala loquaz
Só eu sei da dor que guardo em meu peito
É dor profunda, instalada, anciã
Que apenas se agrava quando me deito
E não percebe, pra vida, amanhã
Dispenso placebo pra dor de peito
Dos sentimentos ela é guardiã
E quer porque quer, a torto e a direito
Nós dois, lado a lado, no mesmo divã
Por que não curas a dor deste peito
Aponto-te, agora, como se faz
Transmutes, como meu único eleito,
A dinamite em explosão de paz.