"Subterfúgios" é uma colagem de textos que fui escrevendo ao longo de anos, muitos inspirados na lida psiquiátrica; por isso, ele pode ser fatiado e consumido em partes, sem perder o sabor - apenas na abertura e no desfecho a sequência é fundamental. A ortografia antiga e original foi preservada. Acha? Vôo, perdôo, herói? Isso não existe mais.
Foi bom ter amado e sabido
Que por detrás do desespero
Mora gente, alguém que sente
Tão desesperadamente.
Se eu pudesse ser dois,
Um deles, feliz talvez,
Teria inquietas nostalgias
De um tempo antigo e bom,
Quando não havia os homens,
Havia somente as crianças,
As auroras e os mistérios,
As coisas tênues.
Saudade mofina e fugidia . . .
Ah, minha saudade amiga,
Eu não gosto de me ver chorando.
Foi bom ter amado!
Um dia precipitei-me
Para uma longa queda,
Célere, indefesa, longa . . .
Lá embaixo o chão
Esperando para o baque fatal;
Enquanto isso a gente
Vai pensando que é vôo . . .
Em segundos, fluo, fruo,
Permito, compreendo, perdôo.
Quem menino
Vivendo quais dos sonhos?
O que de temido no ousado
Do enleio de tão medonhos?
Mil heróis da coragem,
Da coragem de ter medo;
No mesmo gesto me aprisiono,
Me desfruto e me concedo.
Vivo a contradição
De meus ancestrais
Na síntese de meu futuro:
A luz de tantas estrelas
Na sombra do tão escuro;
Visão calcada de infinito
Da noite materna e cálida,
Que, lenta, pare o meu fito.
Será que o amor
Tem um fim, uma volta,
Algo como uma porta
Que não se abre,
No fundo do corredor?
Nada impressiona mais
O meu poeta que a vida acontecendo
Nos subúrbios,
Nos subentendidos,
Nos subterfúgios.
Mas o mundo não perdoa
Certos méritos,
Embora até os compreenda.
Sim, um rapaz bucólico,
Em uma cidade provinciana,
Sonhando com o pecado dos deuses.
Leitura recomendada: a "primeira parte", é claro!
Foi bom ter amado e sabido
Que por detrás do desespero
Mora gente, alguém que sente
Tão desesperadamente.
Se eu pudesse ser dois,
Um deles, feliz talvez,
Teria inquietas nostalgias
De um tempo antigo e bom,
Quando não havia os homens,
Havia somente as crianças,
As auroras e os mistérios,
As coisas tênues.
Saudade mofina e fugidia . . .
Ah, minha saudade amiga,
Eu não gosto de me ver chorando.
Foi bom ter amado!
Um dia precipitei-me
Para uma longa queda,
Célere, indefesa, longa . . .
Lá embaixo o chão
Esperando para o baque fatal;
Enquanto isso a gente
Vai pensando que é vôo . . .
Em segundos, fluo, fruo,
Permito, compreendo, perdôo.
Quem menino
Vivendo quais dos sonhos?
O que de temido no ousado
Do enleio de tão medonhos?
Mil heróis da coragem,
Da coragem de ter medo;
No mesmo gesto me aprisiono,
Me desfruto e me concedo.
Vivo a contradição
De meus ancestrais
Na síntese de meu futuro:
A luz de tantas estrelas
Na sombra do tão escuro;
Visão calcada de infinito
Da noite materna e cálida,
Que, lenta, pare o meu fito.
Será que o amor
Tem um fim, uma volta,
Algo como uma porta
Que não se abre,
No fundo do corredor?
Nada impressiona mais
O meu poeta que a vida acontecendo
Nos subúrbios,
Nos subentendidos,
Nos subterfúgios.
Mas o mundo não perdoa
Certos méritos,
Embora até os compreenda.
Sim, um rapaz bucólico,
Em uma cidade provinciana,
Sonhando com o pecado dos deuses.
Leitura recomendada: a "primeira parte", é claro!