O Despir de um Amor

Despertas-me o horizonte dos sonhos

Vencendo o vazio renitente da espera

Deténs o relógio de todas as ausências

E a névoa de quaisquer desencantos

Em mim, a vontade nítida de te ver

Como se apenas ao imperativo do desejo

Tu pudesses estar comigo

À minha volta, reflexos de pálidas madrugadas

Que te anseiam na primeira luz da manhã

Pernoita o olhar na insônia da tua falta

Busco a última estrela no espelho do meu olhar

E ouço apenas o canto noturno da solidão

Todos os meus gestos ousam a entrega

E todas as palavras falam-me de ti

Tomas em ti a minha vida

Quando na mansuetude do meu peito

Deitas-te em cálida ternura

Trazes no silêncio dos teus olhos

O mistério de toda minha existência

Um segredo se prolonga

Neste instante de silêncio

Quando surges, onde a razão não te previa

De súbito, nos caminhos da memória

A saudade atravessa a ponte do meu olhar

Deixando os teus passos sob o horizonte

Onde o sonho rendido deixa-se acalentar

© Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 09/06/2006
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T172485