CAIS O CAOS
cai o caos
Carretel de idéias cegas recoladas
sobras e cobras fingindo novas dobras
dói mas remói e desinventa-se
no ato a corda que enforca
suspenso baú de ovos estéreis
sonhando o impossível de sempre
um impossível com concessões
meu manual de pequenas necessidades
fornece a senha da cor da pele da sua raça humana
saias dentes e uma serpente empaladas de presente
para o abominável inquisidor de pequenas almas
dono da catequese que necessita prato
lobo asteca forjando uma corrente de fezes
corpo posto fixo em uma sentinela fiada na máscara do longe
caiçara estúpido com uma faca que imola todo avesso
suas chaves no molho indicam o ausente espetáculo do adeus
beijo de lábios fechados costume monarca do cerco à febre que sacia
horizonte com portões esconde uma alma gentil prisioneira de todos os lados
severas leis que despertam um cadáver guardião adiado da dor
lança pois o grito migalha exata do indivíduo
nua verdade alimento tardio dos que sonham em cavernas
lança pois a esperança excremento valioso do caminhante
adubo selvagem máquina relógio de se atrasar o abate
lança pois a alma com as mãos suspensas vaidade da redenção
ilusório desenho entregue rebento em posição de descanso
bicho homem com sua crua ferida morrendo anátema da luz
desfia o destino e recolhe seu resto de olhos
ergue sua babilônia com macacos na torre
guardando ossos e úteros recolhidos pelo chão
com seu maço de dentes engole a sua última goma
soldado honesto guarda seu canhão com rosas de ontem
desfila seu hino punhal triste aparelho de se falar
vê a morte no nó e lança seu medo em tigelas vazias
finge um espelho enquanto a política e o café moldam sua distante face
cerca teu riso em pacotes e sonha com o esperado lírio da despedida
dorme em uma cidade cercada com sua esperança abatida na véspera
segue as caravanas com seu festejo embutido na dor
faz figa come seu incesto e seu fumo
untado em sua cela seu único cavalo entrecorta e desvenda o aviso
germina o caos satisfatória certeza do nada