CANÇÃO DA VIDA INTEIRA
Tem dias que a gente batuca no peito
compasso apaixonado, amor em ebulição
passeio navegando com os pés pelo vento
é tudo rarefeito, fora de noção.
Tem dias que a chuva chora em nossos olhos
e parece que vai desidratar o coração
em volta tudo escuro, noite e tempestade
e os pés de chumbo enterram o espírito no chão
Tem dias que a gente nem olha pro lado
perdido no horizonte sem qualquer razão
relógio monólito cravado na alma
e os pés marcham ligeiro e uma direção
Tem dias que a gente quer é vomitar tudo
chutar o balde e nem saber que horas são
pedindo que o mundo pare só por um minuto
e os pés troteiam loucos pela contra mão
E os dias vão passando pela nossa vidraça
com graça, sem jeito, com fúria ou devoção
e quando findar este calendário entrópico
pés calejados, tortos, enfim descansarão.