Bandeiras

Que bandeira hastearei que valha a pena

a pena empunhar por defendê-la?

A bandeira do Gregório?!

Terei na boca fogo tão ferino?

Farei poemas sacros ao Supremo?

O pendão de T. A. Gonzaga?!

Ganharei com esta “Má lira”

um lugar ao sol da Arcádia?

O lábaro de Azevedo?!

Trarei presa a voraz chama

de um “mal-do-séc’lo” n’alma?

A flâmula de Bilac?!

Serei dos versos ourives?

Bardo à sombra do Parnaso?

O pendão de Cruz e Sousa?!

Farei dos versos imagens?

Pintarei telas legíveis?

O estandarte de Augusto?!

Descrerei do amor humano?

Farei de urubus, convivas?

A bandeira do Bandeira?!

Serei moderno

a ponto de erguê-la?

Que bandeira hastearei que valha a pena

a pena empunhar por defendê-la?

A bandeira dos que não têm bandeira?!