O Livro da Dor VII– O livre arbítrio.

A voz liberta o bem que o ser carrega

A luz traduz da treva o mal também,

São duas as faces tal moeda, e nega

Nas regras o desdém, que o juízo tem.

O bem flerta, desperta o mal, e prega

A reza que o convém, a voz não vem

E desespera a paz que desagrega;

Mas quebra quando faz a dor refém.

Um anjo torto vive e pesa em mim,

Na linha tensa um juízo conta o fim

Fibra rota do arbítrio, um lume gris.

Um Deus sensato cujo nome grava

Palavra vaga, um livro raro trava:

Demônios, todo mundo traz em si!