Junto ao corpo do amor que parte
No velório do corpo desamparado
seja tua boca o beijo salvador
a tocar o sonho provisoriamente morto
Aos incrédulos da felicidade
que perguntarem por mim
amada
confessa em prantos de risos
que foste tu a tornar pluma
o aço da vida
Agora pouco importa
se terra fogo relva ou esquecimento
consumirem o que é somente carne
Testemunhes sem sustos
a partida física desta estação de vida
Tua presença foi incêndio de artérias
Caminhos subterrâneos de coloridos metrôs
explodindo em júbilo nas vozes dos ventos
Sejam teus lábios de espanto
querida
a última vida a beijar o corpo do amor
em breve clausura escura
Teu beijo meu
leva vida onde nem em sonhos há
Quando eu confessava estar tomado de ti
é porque meus ancestrais já te consagravam
Em meus cadernos de rascunhos
couberam todas as bíblias dos homens
Porque a linguagem de aves e anjos
somente sabem ler os lábios tocados de amor
Cada lágrima tua em minha viagem
será nova cidade inaugurada com teu nome