LÁGRIMAS QUE CEGAM

Estava avesso ao meu eu

perdido,confuso, dolorido

descentrado de meu eixo

desconcentrado de meu ritmo

as horas debochadas

a zoar de mim

buscava alivio, sossego

um mapa, uma bússola,

que ao passar aturdido

em um ermo qualquer

não ouvi os gritos

o clamor, o choro sentido

de quem estava ali, a meu lado

bem perto, quase a me tocar

somos tão egoistas em nossas dores

acreditamos serem únicas,

mais importantes.

nossos olhos lacrimejam

e nos cegam;

e nossos pés?

passeiam incolumes e firmes

sobre outras cabeças

mais baixas

mas percebi, em tempo

parei de lamuriar

passeia a enxugar

águas alheias.

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 25/07/2009
Reeditado em 26/07/2009
Código do texto: T1719103
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