ALGO ESCONDIDO EM MIM...
Mostro tão pouco de mim,
E ela sabe tanto,
Que me esconde...
Nossas faces são as mesmas....
Nosso mundo não é diferente,
Só não é
O mesmo...
Quando choro,
Ela rabisca a minh’alma...
Quando alguém me fere,
E eu morro,
Ela sorri... ela vence.
Quando me torturo na espera,
Ela sonha...
Quando me calo,
Ela suspira,
Ela goza o tempo...
Quando eu fujo,
Ela voa... ela vive.
Quando não amo
Ela deseja... ela se entrega.
Quando adormeço,
Ela pensa... ela escreve.
Quando me esqueço,
Ela recorda,
Ela sente a saliva – o beijo-
Ela renasce...
Quando me desespero,
Ela interna a paz...
Quando me isolo,
Ela corre... ela caminha.
Quando me entristeço
E disfarço.
Ela se revela em crepúsculo,
Quando me tranco,
Ela se abre em orquídeas...
Ela é algo escondido em mim...
Ela é verdadeira,
Transparente...
Mesmo quando me faço
Turva e nublosa,
Ela me entende...
Ela me aceita...
Poesia publicada no livro: “Afeições”, de Andréa Pelegrinelli, Editora Scortecci (2000) – pág: 15.