Forasteiro
As vezes tenho medo de mim,
Dos meus pensamentos soltos,
minhas vontades indecifráveis,
meus sonhos renovados.
As vezes tenho medo da vida;
Quando aponta para todos os lados,
quando se fecham as saídas,
quando se apresesentam somente certezas.
Tenho medo , as vezes,
do amor que guardo no peito,
das cirandas da saudade,
dos horizontes que limitam meu céu...
Mas não temo o recomeçar,
não temo o perder,
não me amedronta
o ir ou ter que ficar.
Aprendi a ser forasteira
dentro de mim,
a não viver de esperanças,
não caminhar além do que posso ir...
O destino me quis assim:
flor plantada no oasis,
ribeiro à margem da estrada
correndo em busca do mar...
Sou metade Torquato,
metade Pessoa,
totalmente Quintana,
mas Cecília é minha alegria.
Pus meus sonhos num barco,
subi ao ultimo andar,
quebrei minhas correntes,
lancei ao vento meus versos...
Renasci assim: metade anjo
metade mulher, mâe, poeta
menina, senhora
de mim.
não me importo ser o que sou!
Importa-me sim, ficar sem meus versos,
não saber juntar as palavras,
não conseguir traduzir
os sentimentos que habitam em minha alma.