O Livro da Dor VI – A Indiferença.
A ausência neste corpo te reclama;
Numa paz que se instala, de repente,
A presença que escapa nesta trama
É a chama de um sol indiferente.
Uma voz penitente que te clama
Jaz no eco de um silencio renitente
Que cala neste som e não inflama
Que te toca, sufoca, mas não mente.
Quando o tempo simula a eternidade
Esgota num segundo a incerteza
Desbota toda rota identidade
Quando um vago desejo insinua
Perdendo da verdade tal pureza,
Como um sol desprezado pela lua.