O Livro da Dor V – A Ironia.
A rota da palavra que liberta
Do poço que sufoca toda chaga
Por certo, que o veneno desta praga
Inflama quando cai na boca certa.
Na inveja, se reduz a nova oferta;
O parvo que seduz aceita a paga
Na boca que a desdita agora vaga,
A vaidade e todo asco que desperta.
O escárnio quando brota na garganta
Espanta no desdém e soa impuro.
Enquanto no silencio que agiganta
Quando cala esta magoa no orgulho
De um rancor destilado no murmúrio
Quando engole na ironia o fel do engulho.