Que
Que a Vida se areje da traça,
que você saiba que não passa,
que me fale de amor num sussurro,
que me proteja da vida e do murro,
que voe. Que use asa,
mas que volte para casa.
Que saiba do silêncio
e advinhe o que penso;
que meça o imenso
e que vibre como laço tenso
n'algum movimento suspenso.
E que se lixe para o bom-senso.
Que sinta arrepios na espinha
quando eu te chamo de minha.
Que reveja nossa vida,
que repense a tua partida,
que sempre cheire à Jabuticaba pré florida
e adie tua saída.
Que desça ao Inferno,
que ache algo Eterno.
Que se embriague com champanhe,
que sempre me acompanhe,
que caminhe em verso,
e elimine o reverso.
E que por ter tamanha densidade,
despreze a fútil vaidade;
que me beije com tanta intensidade
que eu me esqueça o que é saudade.
E que seja tal
que eu a queira como raro cristal,
num misto de ternura e desejo
que acontece em cada ensejo.
E que saibas, moça bonita, que eu te amo.
Um beijo.