O Livro da Dor IV – O desejo.
A dor sabe o desejo que te cura
E cobra tal presença, mas se vende;
Mas o desejo casto surpreende
Na dor que compreende e que procura.
A mente segue a trilha da loucura
Adoça a paz que almeja que pretende;
Rebela-se insegura e depois prende
Num vício que se estende tal ternura.
A pele não se cura neste claustro
A carne vibra crua e deixa rastos
A alma abusa, recusa falta imensa;
Que se rende, não pensa, já não luta;
E refaz no desejo a paz intensa
Mas o corpo só entende a força bruta.