Borboleta...
Quando a alma
Ousa se vestir de sonhos
A nudez translúcida e singela
Fica aparente tornando o ser frágil...
Faz o despertar ser um soluço frio
Provocado pelos gélidos ventos da realidade.
Ventos... Que arrepiam e envergonham
A verdadeira face da alma
Então, nua, exposta e aflita
Ver-se quase morta
Atingida... Ferida profunda...
Necrosada, o sofrimento suporta
Enquanto ao seu redor
As aves de rapina
Esperam ansiosas, seus últimos suspiros...
Quando a alma se despe da insanidade
Surge tênue uma luz ao longe
Feito a lua, nua, a eclipsar, mulheres tantas...
Revelando nos olhos a perdida criança.
Inocentes no seu brilho tênue,
Insensata a despertar desejos...
No meu momento, rebrilha a lucidez ácida
Da certeza da ausência do afeto
Na fala, nos gestos...
Estou nua perante o mundo
Tendo o corpo açoitado
Pelas agruras do desamor...
Na verdade enclausurada estou,
Num mundo de sonhos a séculos...
Caiu o véu dos meus delírios
E meu lar adornado por lírios
Mostra a gora sua face desértica
Campo árido e sem vida
Meu coração...
Só me resta contar com a metamorfose
Na esperança da lagarta, quem sabe
Criar asas, se lançar num voou
E ocupar seu lugar nos ares.