RUÍNAS DA ETERNIDADE

Canto o teu adeus,

nas lágrimas frias que beijam o orvalho matinal do coração,

na brisa que transporta a face sombria do fim.

Envenenaste a esperança,

fugiste com a única coisa que me restava.

Deixaste-me nas veias o sangue manchado de mágoa

e no espírito a raiva de ter acreditado que era possível.

O teu cheiro vagueia nas páginas do desespero,

a ausência preenche o vazio que me sufoca a memória.

Canto o teu adeus,

em todas as esquinas do meu sonho.

Corro pelas ruas e tropeço no silêncio

nesta cidade abandonada que desenhaste dentro de mim.

Deixaste o futuro partir,

condenaste-me a viver no presente oco

que escorre na miséria do sentimento.

Canto o teu adeus,

encostado às ruínas da eternidade

e vejo a saudade embriagada

nas mãos famintas da realidade.

Morro no teu adeus.

Poema do livro "O áspero hálito do amanhã"

Alberto Pereira
Enviado por Alberto Pereira em 22/07/2009
Reeditado em 22/07/2009
Código do texto: T1713871
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