RUÍNAS DA ETERNIDADE
Canto o teu adeus,
nas lágrimas frias que beijam o orvalho matinal do coração,
na brisa que transporta a face sombria do fim.
Envenenaste a esperança,
fugiste com a única coisa que me restava.
Deixaste-me nas veias o sangue manchado de mágoa
e no espírito a raiva de ter acreditado que era possível.
O teu cheiro vagueia nas páginas do desespero,
a ausência preenche o vazio que me sufoca a memória.
Canto o teu adeus,
em todas as esquinas do meu sonho.
Corro pelas ruas e tropeço no silêncio
nesta cidade abandonada que desenhaste dentro de mim.
Deixaste o futuro partir,
condenaste-me a viver no presente oco
que escorre na miséria do sentimento.
Canto o teu adeus,
encostado às ruínas da eternidade
e vejo a saudade embriagada
nas mãos famintas da realidade.
Morro no teu adeus.
Poema do livro "O áspero hálito do amanhã"