Finito

Olho aonde vou.

só olho, não me movo,

sou peso além das medidas,

restos de festa pelo chão

- muitos restos, pouco chão, nenhuma festa.

Trepadeira em flor que seca o tronco hospedeiro,

suga a seiva com lascívia,

ciente da morte adjacente,

sedenta de prazeres breves

pra encher os minutos lotados de segundos a cada segunda-feira.

Carpe diem transverso,

bateria fora do tempo que segura o beat de uma trance orquestrada,

violinos de fim de filme,

êxtase da apoteose,

meiose de câncer,

contrato a termo.

Não olho mais,

de semblante cerrado invado seus varais.

Por que azuis são as paredes da casa de deus

e eu ainda me sento no batente do quintal

contemplando os lençóis divinos a bailar suas rendas diáfanas pelo ar liquefeito,

em linho tramado a ouro e prata

e mil sóis secando os olhos

que só vêem,

observam trilhas para lugar nenhum.

Eis que de nenhuma opção brotará a cura,

pois não há band aid pra cobrir a chaga

purulenta e embaraçante

- como se fora uma escolha.

Jane de Paula Carvalho Santos
Enviado por Jane de Paula Carvalho Santos em 22/07/2009
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