Finito
Olho aonde vou.
só olho, não me movo,
sou peso além das medidas,
restos de festa pelo chão
- muitos restos, pouco chão, nenhuma festa.
Trepadeira em flor que seca o tronco hospedeiro,
suga a seiva com lascívia,
ciente da morte adjacente,
sedenta de prazeres breves
pra encher os minutos lotados de segundos a cada segunda-feira.
Carpe diem transverso,
bateria fora do tempo que segura o beat de uma trance orquestrada,
violinos de fim de filme,
êxtase da apoteose,
meiose de câncer,
contrato a termo.
Não olho mais,
de semblante cerrado invado seus varais.
Por que azuis são as paredes da casa de deus
e eu ainda me sento no batente do quintal
contemplando os lençóis divinos a bailar suas rendas diáfanas pelo ar liquefeito,
em linho tramado a ouro e prata
e mil sóis secando os olhos
que só vêem,
observam trilhas para lugar nenhum.
Eis que de nenhuma opção brotará a cura,
pois não há band aid pra cobrir a chaga
purulenta e embaraçante
- como se fora uma escolha.