Quando

Quando há a certeza da incompreensão

e seus conflitos

Quando é impossível chegar-se próximo o bastante

E olhos nos olhos...se fitar

Quando tudo nos coloca em desalinho

No caminho da separação

Há que se acolher, os pensamentos aflitos

E toda a dor, recolhida, se juntar

Num só momento de reflexão

Quando a ferida, de todo se purgar

E ao recompor-se, causar certo desconforto

Inquietando a alma, atiçando o coração

Há de vir uma esperança se instalar

Tal qual a nau, que finalmente encontra o porto

Desembarcando a carga dolorida da desilusão!

Quando o peso insustentável do cansaço

Vergar impunemente a alma, e a fizer delirar

Quando não houver mais um só lamento

Há de surgir um terno abraço

Ocupando todo espaço que restar

No vazio que envolveu o pensamento

Quando por fim, a luta terminar

Quando a chama do ideal, se apagar

Nada mais restará da insensatez

Nem uma ilusão a se buscar

Nenhum paradigma sobreviverá

É chegada, finalmente, a lucidez

Quando a noite engolir os sonhos

E com seu véu, a mente entorpecer

Quando tudo mergulhar na escuridão

Há de surgir um olhar tristonho

Que expresse o ato de reconhecer

A dor suprema desta solidão

E quando tudo for apenas fato

Já não houver, o que impeça a expressão

Quando a realidade se vestir do imponderável

Há de cair por terra o aparato

Que insensato, ludibriava o coração

E há de surgir, inevitável

O despertar da alma

Que independente de qualquer contato

Contagia tudo com profunda emoção

Priscila de Loureiro Coelho

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 15/05/2005
Código do texto: T17135