Ausência
Amor, se te procuro com os olhos, não te vejo.
Mas estranha ausência a sua
Que mesmo na distância se faz presente
Que mesmo ao longe me acena descontente!
Não te procuro com os olhos.
Se porventura corro meus olhos ao redor, nada vejo.
A não ser esses tristes móveis que me acompanham
Melancolicamente no quarto silencioso.
Seus lábios, seios e pernas são
Para minha solidão errante como a ave inacessível
Que vi passando pela janela e que se perdeu
Na lamentação dos sinos
Ao cair da tarde.
Se te procuro com os olhos, nada encontro
E me vejo desamparado como os pescadores no mar distante.
Mas se te procuro com o coração
É como se estivesses presente
Tão presente que fere e punge
E vibra em minh'alma, de tal modo
Mas de tal modo inconseqüente
Que morro, delicadamente!
***