DONA LUA GORDA E BRANCA

A lua insiste

em derramar poesia

em mim.

Me disilude,

me desespera

e jorra poesia

em mim.

Ela vem assim

dissimulada

e eu me dou,

me dôo, me abro

e ela entra

disvirginando

minh'alma

e faz dela morada,

onde se esconde

de dia,

só pra me fazer

chorar à noite.

Que brincadeira

é essa dona lua!

Fazer de mim poeta

que faz da dor

um jardim,

um perfume

lançado no ar!

Voce ai de longe

gorda e branca,

egoista menina,

derrama em mim poesia

e brinca de me judiar.

Sequer perguntou

se eu faria da dor

uma canção de ninar.

NO máximo, o que eu faria mesmo

era uma colcha de retalho

com dores de todas as cores

pra me protejer do frio,

mas não me proteje da dor.