Busca
Meu corpo tem as marcas e cicatrizes
Do tempo que na cama de Procusto eu deitava
Na minha alma as lembranças infelizes
Às vezes queimam como incandescente lava.
Busco no inconsciente minha parte alijada
Qual argonauta no mar à procura do velocino
Não desisto desta longa empreitada
Quero cumprir plenamente o meu destino
No trabalho, no templo, na análise e na poesia
Escuto, oro, interpreto, escrevo, medito
Vasculho os sonhos, que a noite traz todo dia
Não há tempo, nem lugar interdito.
Quem sabe quando convidada a ir
Esta busca intensa tenha acabado
E que completamente inteira eu possa rir
Desta jornada que é o meu legado.