Pingos de amor...
Chove na vidraça:
ardor de viragem
altas e dengosas
flores,
madressilva da aragem
bela,desnuda-se na praça
liberta cheiro a rosas...
Dentro de mim, um arraial
de orquídeas libertinas,
ouvem-se no Faial:
encantadas e fidedignas
na voragem do Pantanal...
Pingam gotas de Amor,
escondido no firmamento
restéa de calor
soprado ao cálido vento!
Sob os balaústres antigos
pingam saudades curiosas
ouvem-se os mendigos:
clamam lágrimas chorosas!
Chove na minha alma
como quem quer lembrar
mas o vazio é a calma
que em mim quer imperar!
Pingos de amor que era
não voltará jamais...
anuncia-se a Primavera
e outros pingos que tais!