A APOSTA
Quando não há mais a sombra de alguém
a colar-me às costas
quando já joguei o colar e o vestido...
E ainda que não haja outra aposta
além do meu corpo...
rolo na borda do precipício
desse tapete de convite verde
que a mim torna-se um oásis infinito...
E jogo a mim
Simplesmente por jogar
Há quem jogue pra esquecer
Há quem jogue pra lembrar
Outros jogam pra ganhar
Não jogo pra vencer ou perder
Jogo pra viver e enlouquecer
Eu jogo pra atordoar
Aos homens falo o que eles preferem ouvir
Às mulheres... rsrs, essas falam por si
Não desperdiço minha chance
Em minha estratégia de guerra
como santa ou ordinária
meu jogo é fazer seu drama
Um dia acordo milionária,
ao anoitecer sou uma pé-de-terra
e não desperdiço outra chance
No limiar de minha decadência
se nada mais há...
Todos os olhares voltam-se a mim
ao redor da mesa de jogos
O dinheiro queima-me os dedos
e para mim já não há outro deus
As apostas vão começar
Quem parou pra pensar já perdeu
E se alguém ganhar desta vez...
Eu joguei
Sou a última que joga pra ganhar
Sou a única que joga pra esquecer e se fartar
E a roleta se põe a rodar
E o meu mundo para de girar
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