A APOSTA


Quando não há mais a sombra de alguém
a colar-me às costas
quando já joguei o colar e o vestido...

E ainda que não haja outra aposta
além do meu corpo...
rolo na borda do precipício
desse tapete de convite verde
que a mim torna-se um oásis infinito...

E jogo a mim
Simplesmente por jogar

Há quem jogue pra esquecer
Há quem jogue pra lembrar
Outros jogam pra ganhar

Não jogo pra vencer ou perder
Jogo pra viver e enlouquecer
Eu jogo pra atordoar

Aos homens falo o que eles preferem ouvir
Às mulheres... rsrs, essas falam por si
Não desperdiço minha chance

Em minha estratégia de guerra
como santa ou ordinária
meu jogo é fazer seu drama

Um dia acordo milionária,
ao anoitecer sou uma pé-de-terra
e não desperdiço outra chance

No limiar de minha decadência
se nada mais há...

Todos os olhares voltam-se a mim
ao redor da mesa de jogos
O dinheiro queima-me os dedos
e para mim já não há outro deus

As apostas vão começar
Quem parou pra pensar já perdeu
E se alguém ganhar desta vez...

Eu joguei

Sou a última que joga pra ganhar
Sou a única que joga pra esquecer e se fartar

E a roleta se põe a rodar
E o meu mundo para de girar

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Ana Átman
Enviado por Ana Átman em 20/07/2009
Reeditado em 22/07/2009
Código do texto: T1710391
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