Foi poeta..
Experimentou no café, as palavras
Veio a inspiração no meio da noite
E sentado frente a janela,
Com o cigarro queimando nos dedos
Foi poeta.
Traduziu a insonia,
como um quadro surrealista
apenas em palavras
Respirou aliviado,
A fumaça ingrata do pulmão
Com o quente do café,
Se queixou no papel
E seu punhal de grafite,
Destilou a incerteza sobre a folha
Manchada pela insonia
De uma noite cafeinada,
Enfumaçada e silenciosa
Abraçou a madrugada,
De braços com o papel
Ouvindo seu disco de Noel,
Tuberculoso imaginou um fim
Esperou o sol aparecer,
No meio da fumaça cruel,
E o café que pingou no papel
Esfriou e amanheceu na poesia
Na madrugada sem sono,
Foi poeta...
Na madrugada sem sono,
Foi o café, a poesia...