OS DONS DE CADA UM

OS DONS DE CADA UM

Creio num Deus de amor

Senhor de toda a gente

E de tudo que deveras sente,

A quem obedece as potestades

O tempo

E o vento.

Creio que no Grande Livro, predito,

Está o nome de cada coisa, escrito;

Que ao homem não sei por que razão,

Concedeu plena liberdade

E o fez senhor de seu próprio destino...

Que ao poeta chamou,

De filho amado

Ainda que por muitos, amaldiçoado;

E que de voz tonitruante

Sentenciou :

Fortuna não terás

Que tal não vale tanto,

Mas dar-te-ei, contudo,

Algo que não se obtém

Por canudo,

Dar-te-ei a arte

De burilar pensamentos,

Desvendar sentimentos

Nos recônditos da alma;

E também a maldição

De sentir dor, na dor,

Não só a dor que vem do coração,

Mas também as dores que invadem a alma.

E como se tudo isso não fosse tanto,

Haverás de transformar o pranto

Em algo belo, esteta:

Serás poeta.

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 18/07/2009
Código do texto: T1706294