No Silêncio do Meu Olhar
De súbito, leva-me a tua ausência
Aos recantos onde se desvelam anseios
Debruça-se a tarde lânguida
Entre as nuvens que encobrem
O sutil murmúrio do desejo
Despindo-se no rubor do horizonte
Que mansamente me espreita
Ao longe, o crepúsculo colore o meu olhar
Busca-me a saudade que tanto me reconhece
Envolvendo-me o coração, o pensamento
Há um silêncio que me pertence neste momento
Quando a solidão enleia-me intimamente
E te anuncia apenas para o meu olhar.
Recrio todos os teus gestos
E na moldura de todas as lembranças
Sorri-me o teu beijo, provocando-me a fantasia
Na consumação das horas ocultas
Premedito minha solitude e uno teu tempo ao meu
Minha saudade despe as tuas carícias
Quando meu desejo abraça a tua falta
E tudo é silêncio, quando te deitas em meu peito
Eternidade consentida para o teu existir
© Fernanda Guimarães