ARAUTO DA MADRUGADA
ARAUTO DA MADRUGADA
Ali ao lado num quinteiro
Um galo canta o seu pregão,
Não sei se prazenteiro
Ou se para espantar a solidão.
Ah! esse galo cantador
De voz enfunada,
Irreverente trovador
Arauto insone da madrugada,
Lembro outros lugares, muito além,
E outros galos chocarreiros,
Que cantavam histórias de ninguém
Lá do alto dos seus poleiros,
E outras vozes que também
Assomavam por campos e ladeiras;
Não cantavam essas vozes, porém,
Contavam suas canseiras.
E pelos caminhos afora
Gritavam carros de bois,
Acordando a doce aurora
Vermelhinha de arrebóis.
Foi-se a noite, foi-se a aurora,
Apagou-se o vivo alvor,
Vão-se os sonhos embora
Por que cantas ó sonhador?!