Amor e Quixote

Amores distantes,

como o do fidalgo de Cervantes.

Cavaleiro sobejo,

misto de sonho e desejo.

(Quase no meio do Brasil

esse quarto me sufoca . . . )

Queria, moça do Rio,

misto de sonho e desvario,

outro Rocinante

para que tu não me ficasse tão distante.

Queria te escrever,

ter outra vida para viver;

chamar-te,

meu misto de paixão e arte.

(Esse hotel não me agasalha . . .)

Eu quero, moça,

que feche os olhos e ouça:

vou te contar

o quanto é bonito te amar . . .

Mas agora Cecilia me diz que já há outro evento.

Inútil dizer-lhe que não aguento,

que preciso doutro unguento,

que preciso rever-te (meu primeiro argumento).

Mas e o contrato, Fabio?

Não te percas. Use o Astrolábio.

Vamos! Logo terá acabado.

Mas eu sei do outro lado:

professoras tristonhas,

palestras enfadonhas,

uma criança que toca violão,

outra que discursa contra a poluiçao

(enquanto disfarço o bocejo,

logo prevejo

que outras as repetirão.

A cada nova geração).

são o que me esperam.

São o que me desesperam.

Por agora

resta essa tristeza que me devora.

E a certeza

de que te preciso sem demora.

Moça do Rio,

eu só queria massagear teus ombros,

acariciar teus seios

e te falar dos meus anseios

(dos meus receios).

Contar-te dessas viagens,

contar-te dessas paragens

e do quanto dói esse Moinho

que se chama de "Sozinho".

Por fim, Lilian, dizer

que você é

meu motivo de viver.

(Cecilia, um beijo)