Ciúmes
Sei que no fundo desse teu ciúme
que segue meus olhos incessantemente
ergue-se a chama plena e reluzente
do querer que exala de ti, qual perfume.
Sei que em teus olhos, mais que o próprio pranto,
ocultas a angústia desse jeito estranho
que confunde raiva e amor sem tamanho
e se justifica em querer, assim, tanto.
Sei que nessas frazes loucas e insensatas,
que dizes às vezes num soprar de vento,
deixas escondido no teu pensamento
carícias sonoras de notas exatas.
Se assim, distraída, me perco no espaço,
teu olhar me observa, confuso e aturdido,
crendo que na ausência repouse escondido
este coração, que é teu, noutros braços.
Nessa insegurança seguem os meus passos
teus olhares mudos, teus lábios calados,
julgando em segredo, cobrando-me em brados,
meu ser como um todo e pedaço a pedaço.
Por qualquer tolice te pego pensando
(nesse teu ciúme, sem senso ou verdade)
que crês, cegamente, ser a realidade,
que a outro alguém esteja eu amando.
E se perco a calma e irada reclamo,
nos teus olhos tristes onde, docemente,
o arrependimento pousa derrepente,
me explico o ciúme nesse teu "te amo".
Gabriela Faval
Serra Leste/23.01.99