FOI POR ISSO

Foi por isso que fiquei.

Na outra margem continuariam por muito tempo

os meus passos revigorados

até que um outro rio os detivesse em algum momento

já quase perdendo-se em novas águas

e daí ponderassem uma outra margem distante

onde um outro coqueiro inclinado

daria inicio a mais mistérios verde-sombra

ciliares a mais praias de areias brancas

que acabaria reclamando para mim

apondo-lhes o meu nome em caracteres antigos

numa runa escrita com o calcanhar.

Foi por isso que fiquei.

Para que não me vissem do espaço

como um aleijão em todas as praias

os satélites.

( Marquei a paisagem com uma flâmula vermelha

num apelo ondulante aos deuses desse vento

que tão bem conhece o som da minha voz

e entoei baixinho um cântico de morte

cada vez mais fraco

até que o silêncio dissesse mais do que eu sabia... )

Henrique Mendes
Enviado por Henrique Mendes em 15/07/2009
Código do texto: T1701522
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