Que verdade?
As palavras circundam a verdade
Como quem corre a margem da vida
Porque a vida foge á “realidade”?
Dos vai-e-vens rotineiros, sem porta de saída
O lúdico nunca foi tão real,
O pútrido nunca foi tão normal,
O que se sente nunca se fez tanto mal,
O espírito é alma penada e descontente,
E a mente formiga dormente.
É perdida a noção da extensão corpórea,
É desprovida de vida a memória,
É consumida e perdida sem gloria
A melancólica fração contemporânea da história.
Cada noticia divulga um retalho deste escoliótico ser,
Lentamente tecido pela verdade legal,
Que movido pela divina força do ter
Cresce alto e tenso como uma corda bomba,
Onde os palhaços dançam e se balançam
Enquanto o chão se aproxima.
É uma verdade bizarra,
Tudo tem um novo preço,
É uma verdade de grades e amarras,
Aonde as cuecas vão por cima das calças
E a multidão é solitária e sem berço.
Nesta verdade... Na verdade?
O que custou mais caro foi a liberdade.