Olhares insuspeitos
Para você fiz um poema,
moça de pele morena,
que sorrindo a cada dia,
muito de mim já sabia.
Da janela, mal cabia no quadrante
o seu enorme olhar faiscante,
ardente como araçá em brasa,
bem em frente à minha casa.
Enquanto me fascinava o mato,
tudo que é bicho e o regato,
crescia em meu peito,
silencioso, insuspeito,
sentimento verdadeiro
que me fazia sobranceiro.
Em breves dias, não pudemos mais
alimentar as fantasias - nossos pais
podaram os sonhos crescentes,
que povoavam as nossas mentes.
Lembranças ainda presentes,
éramos crianças inocentes,
de mundos misteriosos
meramente curiosos.
Hoje, não sei aonde anda,
o que você faz, a quem ama,
mas creio, em um dia marcante
ainda irei rever o seu semblante.
Brasília, 28 de março de 2001