QUEM FOI?

Sobre o leito,  os lençóis imaculados,
brancos,  pétalas do mais claro linho,
Pontas dobradas em ambos os lados;
clara,  uma previsão de desalinho.

Salvos da mácula eu os quis,  caiados,
e semeei de flores teu caminho...
Na cabeceira,  óleos para agrados,
sinais de meu fervor,  escolho e alinho.

Amanheceu,  depois de outra manhã;
na alcova resta uma brancura vã,
um branco intenso,  estranho ao ambiente.

Resta o tecido,  amontoado, à beira
do contraste entre o ébano e a madeira,
e vejo ao teu redor,  alvor somente.



Meu primeiro soneto, que não é um soneto em busca de  seguir um padrão; pelo contrário,  estou conscientemente fugindo do padrão,  resultado dos debates com Dudu Oliveira. Neste caso o trabalho é com o poema "Quem poluiu os meus lençóis de linho", de Camilo Pessanha, mas a composição tem influência das conversas sobre Desmantelo Azul, de Carlos Pena Filho.