HOJE

Não choro o canto amortecido na garganta.

Não lamento o sorriso esquecido nos lábios.

Não cobro procissão de fiéis carregando a santa,

Nem o alerta do livro por escritores sábios.

Não condeno a nudez hoje mostrada às crianças,

Nem a virgindade perdida da moça adolescente.

Não lamento o corte das femininas tranças,

Nem os amores românticos de um hoje tão carente.

A garganta inválida não canta, porque não há canto.

Os lábios não mais sorri porque só lamento.

Fiéis não cobro em procissão porque não há santo;

Livro por escritores sábios, porque não há pensamento.

Crianças são hoje condenadas pela nudez mostrada.

Adolescente moça já traz perdida a sua virgindade.

As femininas tranças, trocadas pela nuca raspada.

Tudo faz parte de um hoje onde há solidão e não saudade.

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 12/07/2009
Código do texto: T1695957