HOJE
Não choro o canto amortecido na garganta.
Não lamento o sorriso esquecido nos lábios.
Não cobro procissão de fiéis carregando a santa,
Nem o alerta do livro por escritores sábios.
Não condeno a nudez hoje mostrada às crianças,
Nem a virgindade perdida da moça adolescente.
Não lamento o corte das femininas tranças,
Nem os amores românticos de um hoje tão carente.
A garganta inválida não canta, porque não há canto.
Os lábios não mais sorri porque só lamento.
Fiéis não cobro em procissão porque não há santo;
Livro por escritores sábios, porque não há pensamento.
Crianças são hoje condenadas pela nudez mostrada.
Adolescente moça já traz perdida a sua virgindade.
As femininas tranças, trocadas pela nuca raspada.
Tudo faz parte de um hoje onde há solidão e não saudade.